domingo, 19 de maio de 2013
A menina que roubava livros - Markus Zusak
ENTRE 1939 e 1943, Liesel Meminger encontrou a morte três vezes. E saiu suficientemente viva das três ocasiões para que a Própria, de tão impressionada, decidisse nos contar sua história. História que, nas palavras dirigidas ao leitor pela ceifadora de almas no inicio de A menina que roubava livros, "é uma dentre a pequena legião que carrego, cada qual extraordinária por si só. Cada qual uma tenativa - uma tentativa que é um salto gigantesco - de me provar que você e a sua existência humana valem a pena"
Essa mesma conclusão nunca foi fácil para Liesel. Desde o inicio de sua vida na Rua Himmel, numa área pobre de Molching, cidade desenxabida próxima a Munique, ela precisou achar formas de se convencer do sentido de sua existência. Horas depois de ver seu irmãos morrer no colo da mãe, a menina foi largada para sempre aos cuidados de Hans e Rosa Hubermann, um pintor desempregado e uma dona-de-casa rabujenta. Ao entrar na nova casa, trazia escondido na mala um livro, O manual do coveiro. Num momento de distração, o rapaz que enterrara seu irmão deixara cair na neve. Foi o primeiro dos vários livros que Liesel roubaria ao longo dos quatro anos seguintes.
E foram estes livros que nortearam a vida de Liesel naquele tempo, quando a Alemanha era transformada diariamente pela guerra, dando trabalho dobrado á Morte. O gosto de roubá-los deu á menina uma alcunha e uma ocupação; a sede de conhecimento deu-lhe um propósito. E as palavras que Liesel encontrou em suas páginas e destacou delas seriam mais tarde aplicadas ao contexto da sua própria vida, sempre com a assistência de Hans, acordeonista amador e amável, e Max Vandenburg, o judeu do porão, o amigo quase invisível de quem ela prometera jamais falar.
Ha outros personagens fundamentais na história de Liesel, como Rudy Steiner, seu melhor amigo e o namorado que ela nunca teve, ou a mulher do prefeito, sua melhor amiga que ela demorou a perceber como tal. Alguns apenas passaram por sua vida, outros a acompanham até que não lhes se ja mais possível, outros estão mais perto do que parecem. Mas só quem está ao seu lado por todas as quase 500 páginas de A menina que roubava livros, só que é testemunha a dor e a poesia da época em que Liesel Meminger teve sua vida slava diariamente pelas palavras, é a nossa narradora. Um dia todos irão conhecê-la. Mas ter sua história contada por ela é para poucos. Tem que valer a pena.
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